sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ausência


Eu deixarei... tu irás e encontrarás tua face em outra face Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te acolheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.

No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida. E eu sinto que em meu gesto existi o teu gesto e em minha voz a tua voz.

Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados. Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada. Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amor os teus olhos que são doces. porque nada te poderia dar senão a mágoa de me eternamente exausto.

Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvia tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensas no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.

Eu ficarei só com os veleiros nos portos silenciosos. Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu das aves, das estrelas. Serão a tua voz presente, a tua voz ausente a tua voz serenizada.

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